Violência contra o idoso – uma luta de todos nós

A maior parte das vítimas tem entre 70 e 74 anos, 68% são do sexo feminino e 47% dos agressores são os filhos


A população idosa brasileira tem aumentado rapidamente e, com ela, os números da violência. De acordo com dados do IBGE, as agressões e maus-tratos contra os idosos cresceram 59% no Brasil, especialmente durante a pandemia de coronavírus. Inclusive, na última semana, no dia 15 de junho, foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, uma data para destacar a importância da prevenção à violência.
Só em 2021, já foram 37 mil notificações de violência, sendo 29 mil delas física. A maior parte das vítimas tem entre 70 e 74 anos, 68% são do sexo feminino e 47% dos agressores são os filhos. As ocorrências mais frequentes são maus tratos, exposição a risco à saúde e constrangimento.
A violência patrimonial também registrou alto índice. A maioria envolve utilização do cartão de crédito, empréstimos e transferência de propriedades. Os idosos se transformam em escravos dos próprios filhos no que se refere à obrigação de sustentá-los e, dessa forma, são agredidos para que o façam.
Hoje, a faixa etária que mais cresce é a partir de 60 anos de idade. De acordo com estatísticas do IBGE, o Brasil tem 25 milhões idosos (12,5% da população) e a expectativa de vida ao nascer do brasileiro passou para 74,9 anos.
Mas quais são os desafios na atenção à pessoa idosa? Antes de tudo, precisamos contribuir para que os idosos possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível, dando mais atenção para o contexto familiar e social e reconhecendo suas potencialidades e valor.
São varias as formas de violência: física – ocorre quando qualquer comportamento que inflija dor física sobre a pessoa idosa, como empurrões, golpes, queimaduras, administração de medicação de forma abusiva, entre outros; psicológico – ocorre quando uma ação provoca dano, como intimidar, infantilizar, humilhar, ameaçar, insultar, chantagear, desmoralizar; sexual – quando há qualquer contato sexual não consentido; exploração material ou financeira – no uso abusivo de fundos, propriedades ou bens da pessoa idosa, como uso, venda ou transferência de dinheiro, assinatura forjada em cheques e outros documentos financeiros /legais; abandono – por parte de quem tem a responsabilidade legal de lhe prestar cuidados; negligência – na omissão ou ineficácia na satisfação das necessidades básicas, como não procurar acompanhamento médico, não prestar uma alimentação adequada, não prestar cuidados de higiene, entre outros.
Mas você pode ficar atento aos sinais que podem caracterizar violência, como hematomas na pele, quedas frequentes, troca frequente de medicamentos, roupas sujas e rasgadas, aparência descuidada, alterações de comportamento e outros.
Muitas vezes, a vulnerabilidade dos idosos está ligada à desigualdade social e que os diversos tipos de violência estão interligados. Por isso, é necessário elaborar políticas públicas que envolvam o todo.
Na Câmara dos deputados, tenho trabalhado para isso. Fiz a Indicação 686 de 2020 para sugerir que sejam multiplicadas e incentivadas as iniciativas existentes para que, no âmbito dos condomínios residenciais, sejam denunciados às autoridades competentes os indícios e casos de agressões e maus-tratos à mulher, ao idoso e à criança e ao adolescente.
Temos muito que avançar nesta área e, como parlamentar, tenho me dedicado a essa causa com muito engajamento. No entanto, faço um convite para que reflitamos qual a responsabilidade de cada um no combate à violência contra a pessoa idosa. O que você também precisa fazer?
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos SP e secretária estadual do movimento Mulheres Republicanas