Você sabe a diferença entre analfabetismo total e funcional?

Dados demonstram que o Brasil precisa melhorar as condições de ensino público e a oferta de trabalho para que mais pessoas possam adquirir conhecimento

O analfabetismo total tem sido reduzido ao longo dos anos, mas ainda é uma realidade da população brasileira, especialmente, entre idosos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,8% das pessoas acima dos 15 anos são analfabetas totais, ou seja, não sabem ler o próprio nome.

Os números, no entanto, podem ser ainda mais graves se for medida a capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela. Uma pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro registrou 29% de analfabetos funcionais. Conforme a pesquisa, que aplica um teste avaliando as habilidades de leitura, escrita e Matemática, o domínio pleno da leitura vem sofrendo queda, mesmo quando estudantes concluem o Ensino Fundamental ou o Ensino Superior. O analfabetismo funcional prejudica o desenvolvimento intelectual, pessoal e profissional do indivíduo.

Esses dados demonstram que o Brasil precisa melhorar as condições de ensino público e a oferta de trabalho, a fim de que mais pessoas possam adquirir conhecimento sem passar necessidades financeiras e ter que escolher um em detrimento do outro.

Para o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), a alfabetização pode ser classificada em quatro níveis: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar (ambos considerados analfabetos funcionais), alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno (esses dois últimos considerados indivíduos alfabetizados funcionalmente).

Desenvolver métodos que priorizem o letramento é fundamental para que o analfabetismo funcional seja superado, e para isso é inquestionável a importância do trabalho conjunto entre pais e professores. Engana-se quem acredita que cabe somente à escola o papel de alfabetizar e letrar, visto que o letramento é uma prática presente em diversas situações do cotidiano, envolvendo não apenas a leitura tecnicista de textos, mas também o desenvolvimento da criticidade e capacidade de elaborar opiniões próprias diante dos conteúdos acessados. A aprendizagem deve ser universalizada, propiciando assim que todos os leitores atinjam o nível pleno da alfabetização funcional.

Sou professora e lecionei por 15 anos em comunidades carentes e conheci de perto as reais necessidades na área da educação. Hoje, enquanto parlamentar e vice-presidência da Comissão de Educação, trabalho para garantir que as principais dificuldades nesta área avancem de forma positiva e que crianças e jovens tenham direito a uma alfabetização de qualidade, pois é um direito inalienável e que deve ser respaldado, especialmente, nesse momento de crise pandêmica.

Na Câmara dos Deputados, apresentei inúmeros projetos que visam à garantia desses direitos. Acredito que a experiência do letramento é também o caminho para o desenvolvimento em muitos outros aspectos, promovendo interação social para viver uma infância com plenitude e a própria realização pessoal, colaborando genuinamente para a realização de sonhos de uma pessoa. A educação é um direito de todos!

 

*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos SP e secretária estadual do movimento Mulheres Republicanas