O afastamento dos alunos do ensino médio público do ambiente escolar durante a pandemia de coronavírus (COVID-19) pode levar a um aumento do abandono e da evasão entre estes jovens
No abandono escolar o estudante interrompe o ano letivo, parando de frequentar as aulas. Já na evasão, este aluno, que abandonou os estudos, deixa de fazer a matrícula no ano seguinte. Mas como é possível evitá-los, especialmente agora, período em que vivemos uma pandemia?
As instituições de ensino adotaram as aulas online, a TV aberta e adaptaram os trabalhos escolares escritos (para aqueles que não têm acesso à tecnologia) para dar continuidade ao ano letivo, mas a tendência é que o aluno não dedique tempo aos estudos, aguardando o reinício das aulas.
Atualmente, o número de jovens entre 15 e 17 anos fora das escolas em São Paulo e de 6,7%, de acordo com dados analisados pelo Observatório da Educação do Instituto Unibanco, a partir de uma base do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). No entanto, há evidências de que este índice aumentará em razão do afastamento prolongado das instituições de ensino.
Neste caso, os motivos estão relacionados à pobreza, violência e problemas emocionais. Um jovem cuja família perdeu a renda durante a pandemia, se mobiliza para ajudar em casa, com as despesas. Uma família sem renda também pode levar um jovem a marginalidade e violência. A condição financeira é, portanto, fator determinante no abandono e evasão escolar. Por isso, é tão importante suprir as necessidades básicas das famílias em um estado de calamidade pública como o que vivemos.
Como professora e membro da Comissão de Educação e da Primeira Infância, considero ainda que é preciso dialogar com a realidade deste jovem na hora de sair do distanciamento social. E preciso acolhê-lo e interagir com as suas angústias e dificuldades concretas. Estamos vivendo uma situação que vai mudar toda a sociedade.
É igualmente importante haver, por parte das secretarias e das escolas, na retomada das atividades letivas, uma preocupação de que o aluno precisa aprender, mais do que ser frequente, ir à aula, passar em provas e exames.
A educação básica é um direito da criança e do adolescente e é um dever do Estado. Compete ao Estado garantir e criar condições para que esse direito seja exercido.
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos São Paulo e secretária estadual do Mulheres Republicanas SP