Aumento da população em situação de rua é o reflexo de um processo de exclusão social

Contingente em situação de rua na capital já é maior do que o número de habitantes da maioria das cidades do estado de São Paulo

O número de pessoas vivendo nas ruas da capital paulista passou de 24.344 para 31.884 ao final de 2021, o que representa um aumento de 7.540 pessoas ou 31%, de acordo com o Censo da População em Situação de Rua, feito pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) da prefeitura. O levantamento deveria ter sido realizado em 2023, mas foi antecipado para uma avaliação dos efeitos da pandemia de covid-19 e suas consequências socioeconômicas.

O contingente em situação de rua também já é maior do que o número de habitantes da maioria das cidades do estado de São Paulo. Para se ter uma ideia, das 645 cidades paulistas, 449, ou seja, 69,6% do total, têm quantidade de moradores menor do que a população em situação de rua aferida na grande metrópole.

Por muitos anos, antes de me tornar parlamentar, coordenei um projeto de ressocialização de pessoas em situação de rua por meio do oferecimento de cursos profissionalizantes em todo o Brasil. Somente em 2017, ingressamos 278 pessoas ao mercado de trabalho. Foi um trabalho importantíssimo e , com a experiência que adquiri, percebi que muitas pessoas nessa condição vivem com ausência de vínculos familiares, estão desempregadas, vivem sob violência e são dependentes químicos. Essa percepção se confirma com a pesquisa. De acordo com o estudo, o uso de álcool e outras drogas representam 29,5% e o desemprego alcança 28,4% pessoas nesse meio.

Os dados revelam ainda que, em relação ao ano de 2019, havia 6.816 pontos de concentração, enquanto em 2021 esse número passou para 12.438, o que corresponde a um aumento de 82,5%. O número de barracas, classificadas como moradias improvisadas, cresceu 330% em 2021.

O percentual de mulheres em situação de rua também aumentou, passando de 14,8% do total em 2019 para 16,6% em 2021. No entanto, a maioria das pessoas que vivem em situação de rua é do gênero masculino, com idade média de 41,7 anos em 2021.

Já os dados sobre educação mostram que 93,5% das pessoas em situação de rua na cidade frequentaram escola e 92,9% sabem ler e escrever, 21,4% têm ensino médio completo, 15,3% concluíram o ensino fundamental e 4,2% concluíram o ensino superior.

A pandemia aumentou a vulnerabilidade das pessoas, mas esse cenário é o reflexo de um processo de exclusão social no Brasil que ocorre há muito tempo. Apesar da realização de alguns programas sociais que são desenvolvidos para solucionar essa questão.

As pessoas em situação de rua são tratados, ora com compaixão, ora com repressão, preconceito, indiferença e violência. Nesse sentido, devem ser desenvolvidas políticas públicas que atuem na origem do problema. Como deputada, sigo firme com as causas sociais buscando promover, por meio de ações, envio de emendas e apoio a projetos que oferecem dignidade , oportunidade , independência e autonomia com geração de renda e trabalho para todos.

*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos SP e secretária estadual do movimento Mulheres Republicanas