Vamos falar sobre autismo

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Autismo é um termo geral utilizado para descrever um grupo de transtornos do desenvolvimento do cérebro, hoje conhecidos como Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Ninguém escolhe ser autista e não existe uma causa específica para o diagnóstico.
Cerca de 1% das pessoas do planeta possuem o transtorno e suas principais manifestações ocorrem antes dos três primeiros anos de vida. Estima-se que dois milhões de brasileiros sejam autistas, em maior ou menor grau.
O TEA acomete mais as crianças do sexo masculino, ocorrendo na proporção de quatro meninos para uma menina e costuma causar prejuízos em duas áreas: comunicação social e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Felizmente já podemos contar com uma avançada legislação sobre o tema. A Lei 12.764/2012, conhecida como “Lei Berenice Piana”, instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo.
O incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento ao autista é uma das diretrizes da Política Nacional, que também estimula a capacitação de familiares e responsáveis.
Em dezembro de 2007, a ONU estipulou o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Pessoas com TEA, pais, familiares, amigos, profissionais e instituições ligados à causa fazem campanhas de conscientização, levando conhecimento à sociedade e estimulando as pessoas a refletirem sobre o tema.
Sou professora especializada em alfabetização desde 1984 e estive à frente de classes de alfabetização em escolas públicas de comunidades carentes. Sei o quanto esse assunto ainda precisa ser trabalhado.
Em 2010, abracei a causa de 850 crianças e jovens com deficiência intelectual e autismo na Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social – ABADS (antiga Pestalozzi de São Paulo). Oferecemos atendimento nas áreas de saúde, educação, assistência social e emprego apoiado, sob o paradigma da inclusão social.
Coordeno o Grupo FAMA (Família dos Autistas), que visa unir e dar apoio necessário aos familiares dos autistas. Atendemos 150 famílias e levamos informações sobre o transtorno para ajudá-los a compreender melhor o assunto e vencer suas dificuldades diárias.
Esse trabalho está sendo desenvolvido em diversas instituições em São Paulo e ele precisa avançar. O que fazer para educar as crianças com TEA? Como podem trabalhar escola e família? O que fazer em sala de aula?
Esses são alguns pontos que merecem reflexão. O aluno com autismo pensa, deseja e aprende de forma diferente. Ele tem características únicas que o torna muito especial. Vamos falar mais sobre o assunto e abraçar essa causa e seus familiares.

*Maria Rosas é deputada federal pelo PRB São Paulo