PRB vota pela manutenção da fidelidade partidária e fim do financiamento de empresas

celso, marcos, vinicius
Celso Russomanno (PRB), líder da bancada da Câmara dos Deputados, votou pela manutenção do sistema vigente (voto proporcional) por entender que os outros modelos enfraqueceriam os partidos e tornariam as campanhas mais caras
Teve início na terça-feira (26), no plenário da Câmara dos Deputados, a votação da proposta que altera a Constituição Federal para definir mudanças no sistema político eleitoral, a chamada Reforma Política. O republicano Celso Russomanno (PRB), líder da quarta maior bancada da Câmara dos Deputados, com 38 deputados do PRB, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB, PTC, PSL e PT do B, votou pela manutenção do sistema vigente (voto proporcional) por entender que os outros modelos enfraqueceriam os partidos e tornariam as campanhas mais caras.
“A Reforma Política é para engradecer os partidos e não para destruí-los. Todos os sistemas propostos até agora representam um retrocesso. O sistema que tinha mais chance de passar era o distritão, ou seja, ganhariam os candidatos que recebessem o maior número de votos. Se aprovássemos essa mudança, a reforma caminharia na contramão do que a sociedade espera, que é justamente a redução dos custos de campanhas e o fim do financiamento das empresas. Defendemos as doações de pessoa física com teto ou pelo fundo partidário, isso fará com que as campanhas sejam mais baratas e transparentes”, defendeu.
foto (28)Russomanno argumentou que no atual sistema, as pessoas votam nos candidatos pelas bandeiras partidárias que eles defendem. “Se o partido defende os direitos dos consumidores, por exemplo, as pessoas votam com o objetivo de defender os consumidores por convicção. Esse é o caminho correto para fazer uma reforma política, ou seja, partidos fortes e bandeiras claras. No distritão, seria cada um por si trabalhando individualmente. Seria uma guerra, inclusive dentro dos partidos políticos, porque os candidatos passariam a disputar espaço entre eles e não haveria mais fidelidade partidária”, pontuou.
O líder esteve reunido durante todo o dia com os parlamentares do bloco e o presidente do PRB, Marcos Pereira, para reforçar a posição republicana nas questões polêmicas. Desde sua participação na comissão especial que discutiu o assunto, Marcos Pereira criticava o distritão.
“Sabíamos que a regra contribuiria para reduzir o número de postulantes. Esse sistema, defendido pelo PMDB, só existe em quatro países do mundo: Afeganistão, Jordânia e duas ilhas no Pacífico, Pitcairn e Vanuatu. O Japão chegou a adotar, mas revogou em 1990 sob o argumento de que o sistema estimulava o individualismo e o aumento dos casos de corrupção e caixa dois. Não poderíamos desejar esse modelo para o Brasil e lutamos para rejeitar. É uma vitória da democracia, da representatividade e dos partidos que têm bons propósitos”, comentou Pereira.
vinicius carvalhoMembro da comissão especial que analisou a reforma política por três meses, o deputado Vinícius Carvalho (PRB) acrescentou que nenhuma das alternativas ajudaria a fortalecer a democracia. “Os sistemas propostos representam uma ditadura política. Nós, como representantes do povo, não poderíamos compactuar com isso”, disse.
Por fim, Russomanno adiantou que vai trabalhar para acabar com a reeleição do Poder Executivo e diminuir os altos índices de corrupção. “Os que estão no Executivo usam a máquina pública para se reeleger. Isso é contra o espírito democrático e tem que acabar”, acrescentou.
Em discussão há mais de uma década na Casa, foram apensados mais de 150 projetos à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 182/2007), que foi tema de debate durante três meses na comissão especial. Por decisão do presidente Eduardo Cunha, a proposta seguiu para o plenário, mesmo sem o relatório ter sido apreciado pelo colegiado. A votação da matéria continua nesta quarta (27), com a análise do financiamento de campanha.

Por Mônica Donato com informações de Diego Polachini
Fotos: Douglas Gomes e Agência Câmara