Em reunião com Bolsonaro, Marcos Pereira descarta alinhamento automático ao governo

O presidente nacional do PRB e deputado federal eleito por São Paulo, Marcos Pereira, esclareceu que o apoio do partido foi em propostas para um Brasil melhor
O presidente nacional do PRB e deputado federal eleito por São Paulo, Marcos Pereira, esclareceu que o apoio do partido foi em propostas para um Brasil melhor

Brasília (DF) – Na primeira reunião entre a bancada de deputados federais do PRB e o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Marcos Pereira afirmou que o partido não estará alinhado automaticamente ao governo, mas reconhece uma confluência de pelo menos 80% nas pautas defendidas por Bolsonaro e pelo partido. O encontro ocorreu hoje (4) no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, sede do governo de transição, e reuniu todos os deputados do PRB, atuais e eleitos, além de futuros ministros já anunciados. 

Bolsonaro e o ministro Extraordinário Onyx Lorenzoni (DEM) fizeram uma breve explanação sobre como será a condução do governo. Eles afirmaram que não haverá indicações de partidos para cargos e funções públicas em troca de apoio no Congresso Nacional, mas não descartaram que eventuais convites possam ocorrer por critérios técnicos. 

“Posso não saber a chave do sucesso, mas a do fracasso é continuar fazendo a mesma coisa”, disse o presidente eleito sobre o balcão de negócios entre o governo e o parlamento. “O Brasil está mergulhado numa profunda crise ética, moral e econômica. Não vou fazer nada pensando em reeleição”, garantiu Bolsonaro.

Lorenzoni disse que o “presidencialismo de coalizão” perdeu o respaldo da sociedade. Ele disse ainda que o governo “não será uma prova de 100 metros, mas uma maratona”, e fez um convite ao PRB para ajudar a “construir algo diferente”. 

“A fala de vocês soa como música aos meus ouvidos”, disse Marcos Pereira ao aprovar a iniciativa de acabar com o que ficou conhecido como “toma-lá-dá-cá”. Ele disse que trabalha para que o Brasil dê certo, criticou o corporativismo e antecipou que “se queremos mudar o País algumas medidas serão amargas”. 

Bolsonaro, Lorenzoni e Marcos Pereira destacaram a importância da aprovação das reformas, especialmente a da Previdência, porém o presidente do PRB reservou ao partido e à bancada o direito de discutirem com profundidade as propostas que serão enviadas ao Parlamento.

Líder do PRB na Câmara, o deputado federal Celso Russomanno destacou a importância da segurança jurídica no Brasil. Ele apontou que esse problema costuma ser entrave no momento de decisão de novos investimentos por parte de empresários brasileiros e estrangeiros.

Russomanno elogiou a decisão de não haver trocas de cargos por votos. “Esse é o processo democrático. Essa troca de cargos não é boa. Toda vez que o presidente (da República) tem que demitir um ministro, fica amarrado porque o partido faz parte da base de sustentação”, completou.

Mudança de programa do PRB

Ao longo de 2017 e 2018, um grupo de trabalho foi formado por sugestão de Marcos Pereira para reavaliar o programa do PRB e discutir temas específicos para nortear o partido. “Avaliamos inclusive mudar o nome do partido, mas entendemos que mudar o nome sem mudar o comportamento não resolveria”, disse o líder do PRB.

Ele disse isso ao exemplificar que o PRB não seria base de qualquer governo com base em troca de cargos. Marcos Pereira afirmou que nem teria um encontro semelhante ao de hoje se o presidente eleito tivesse sido Fernando Haddad (PT). “Não seremos governo em troca de vantagens nem oposição inconsequente. Queremos ajudar o Brasil a avançar e fortalecer o parlamento para que a sociedade se orgulhe novamente dos seus representantes”, finalizou.

Com deputados do partido na Câmara

O novo programa do PRB deve ser apresentado no ano que vem.

Às 19h, Marcos Pereira reuniu todos os deputados na Liderança do PRBna Câmara dos Deputados para avaliar outros assuntos, como a disputa pela presidência da Casa.

Texto e fotos: Ascom Marcos Pereira