Importante ressaltar que muitas mulheres estão morrendo por causa desse ditado.
Desde 2006, a Lei Maria da Penha vem esclarecendo muitos procedimentos de como se deve agir em casos de Violência Doméstica e Familiar, é claro que nem tudo é imediatamente esclarecido, até porque a Lei vai se modificando para dar mais suporte, porém é evidente que, graças a ela, hoje as mulheres estão ganhando força para denunciar seus agressores.
A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) é eficaz, mas não faz o acionamento imediato da polícia para ir até o local.
Deve-se ligar 180 quando a mulher é vítima de violência constante e não toma a iniciativa de denunciar.
Basta passar o endereço de forma correta e precisa. Quem está denunciando não precisa ficar com medo e, se quiser, não é necessário se identificar.
Existem suportes que chegam até à vítima e alertam, explicando de forma clara, quando a mulher se decidir a denunciar.
Tamanha importância é a ajuda, pois muitas mulheres têm vergonha. Às vezes a família nem sabe que ela está passando por esse momento difícil.
E, caso tenha a oportunidade, existe um centro de ajuda onde a mesma recebe a orientação para uma prévia proteção.
Quando coordenadora nacional do projeto Raabe( www. projetoraabe.org) junto à equipe social e jurídica, tantas vezes assistimos a atos insalubres, uma simples orientação, foi decisiva para mulheres agredidas saírem da área de risco.
São muitos os motivos para as mulheres não quererem registrar queixa contra o agressor e estes motivos devem ser compreendidos; sentem muita vergonha, culpa, fatores econômicos influenciam e, por conta disso, quando chegam na delegacia ficam em dúvida se vão seguir ou não com a denúncia.
Quando o sangue está quente, agem pelo impulso, após o ocorrido, e passado o emocional, acabam retrocedendo.
Os profissionais das delegacias estão capacitados para contribuir e ajudar, mas muitas vezes ficam desacreditados.
É uma decisão complexa mas que precisa valer dentro da lei, pois os casos só aumentam , e muitas mulheres têm perdido a sua vida por comando de um agressor ciumento, compulsivo, dominador, e perdido.
Com risco ou sem risco, a mulher já está sofrendo a violência doméstica, então é importante denunciar SIM.
De certa forma, expondo, vai dar oportunidade dela pensar no relacionamento e pesar seus valores para assim tomar uma decisão e ficar livre.
A violência tem que ser combatida, e com a ajuda de todos podemos apoiar a Lei Maria da Penha para assim coibir , prevenir , punir e ajudar às mulheres.
Creditar as delegacias com servidores públicos capacitados, atendimento policial e pericial especializado.
Emprestar os ouvidos a alguém que está passando violência, motivá-las para que não se sintam sozinhas e, quando for necessário, denunciar mesmo sendo um amigo(a) vizinho(a) , familiar e quem quer que seja, para assim proteger as mulheres contra o relacionamento abusivo. Isso não quer dizer que não se deve meter a colher , mas cuidar do direito à vida.
*Carlinda Tinôco é vice-coordenadora do PRB Mulher em São Paulo;
durante sete anos atuou como coordenadora nacional do RAABE;
projeto criado para valorizar e dar assistência às mulheres vítimas de
violência doméstica e abuso; é escritora com três livros publicados;
esposa, mãe e dedicada às causas sociais