Violência doméstica: O lado obscuro do distanciamento social

A pandemia também deu palco para o aumento dos casos de violência doméstica, dado a imposição do isolamento social

Deputada estadual Edna Macedo, do Republicanos
A pandemia do Covid-19 trouxe inúmeras modificações sociais e impôs a necessidade da diminuição das interações interpessoais, em razão do alto fator de contágio do vírus e de sua letalidade. Para além destas questões, a pandemia também deu palco para o aumento dos casos de violência doméstica, dado a imposição do isolamento social como forma de refreamento da doença.
Desde o mês de março de 2020, em virtude do distanciamento social, a população precisou se enclausurar em suas residências e o lugar que para alguns representa refúgio e segurança, para outros acabou se transformando em medo e perigo iminente.
O isolamento aproximou muitas vítimas de seus agressores, visto que 76% das mulheres que sofrem violência de gênero relatam que seus algozes fazem ou fizeram parte do seu ciclo social, sendo em sua maioria seus companheiros ou ex-companheiros.
De acordo com dados divulgados pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, houve um aumento de 14,1% nas denúncias feitas nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com o ano anterior.
Além disso, o relatório “Violência Doméstica durante a Pandemia de Covid-19”, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido do Banco Mundial, informa que entre os meses de março e abril de 2020, a violência contra as mulheres teve um aumento de 22,2% em 12 Estados do país, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Outro dado alarmante divulgado pela entidade é que durante o primeiro semestre do mesmo ano, o Brasil registrou 648 feminicídios, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019. Porém, os números não refletem totalmente a realidade. Um relatório da Polícia Militar de São Paulo, publicado em abril de 2020, indica que os chamados para esse tipo de atendimento aumentaram 44% em março, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Vale ressaltar que no início de 2020, a ONU alertou sobre as possíveis consequências de seis meses de isolamento. Segundo a organização, o período poderia ocasionar 31 milhões de novos casos de violência sexista no mundo, 7 milhões de gravidezes indesejadas, além de travar algumas lutas em andamento, como no caso dos casamentos arranjados, por exemplo.
Segundo a ONU Mulheres, a cada oito países no mundo, apenas um adotou medidas para diminuir os efeitos negativos do isolamento para mulheres e crianças.
O Brasil registrou 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019. Isso significa que a cada nove horas uma mulher morre de forma violenta no país, uma média de três mortes por dia.
É importante saber que feminicídio trata do assassinato de mulheres em que o gênero é fator essencial no crime. Mortes decorrentes de assaltos e outras formas não entram nas estatísticas.  
Outro fator que influencia na subnotificação dos casos de violência doméstica é a alta do desemprego e a dependência financeira das vítimas, pois as impossibilita de fugir do agressor.  
Diante desses números e dados tão impressionantes, verifica-se que a violência doméstica é uma triste realidade que deve ser combatida todos os dias, não só pelas vítimas e seus familiares, mas por toda a sociedade, cabendo a todos noticiar as autoridades competentes.
*Edna Macedo é deputada estadual pelo Republicanos