Desde criança sempre fui tocada pelo próximo, observava nas ruas pessoas deitadas na calçada, mendigos pedindo, crianças descalças e, no Nordeste, pequenos magrelos com barrigas enormes de vermes.
Quando comecei a ter consciência do que significava a pobreza, dentro de mim uma indignação e ao mesmo tempo na oportunidade estendia a mão. Hoje compreendo que as políticas sociais são destinadas ao bem estar da população, mas não o suficiente para acabar com a pobreza.
Há lugares com pobreza extrema, desigualdade econômica. É impactante ver as camadas de menor renda vivendo muitas vezes com um salário mínimo, e muitas famílias esperando um milagre para que no dia tenha o mínimo para se alimentar.
Por mais que existam elaboração de programas e projetos de políticas públicas, são ineficientes para alcançar grande número de famílias.
A questão da pobreza é fato, e até mesmo na palavra de Deus são lembrados.
“ Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência.”
Ignorar a necessidade do próximo , é viver em um mundo egoísta. Cinquenta milhões de brasileiros vivem na linha de pobreza.
Não podemos cruzar os braços e ficar culpando terceiros quando somos conquistadores, e temos força para estender também nossas mãos.
Sabemos que a pobreza sempre vai existir, mas uma atitude faz toda a diferença.
E o que agora podemos fazer?
Se cada um de nós pensasse no próximo, seja um profissional da área de saúde, uma empresa, um chefe de família, pessoas da área assistencial, tudo somado poderíamos, sim, buscar meios para ajudar pessoas em risco.
Tenho como referência o grupo Universal que se preocupa com o próximo fisicamente e espiritualmente, levando sempre uma palavra de vida e, de forma incansável, supre necessidades básicas.
Dedicar como voluntário, uma parte do seu tempo para empreender ações que dêem resultado na vida de várias pessoas é um caminho que dá frutos e ajuda aliviar a fome do próximo.
Sempre participo de ações, pois pensar no próximo para mim é valorizar o que Deus me dá todos os dias; uma lar , uma cama quente para dormir, uma família, alimento, forças para trabalhar e vida saudável.
Vivemos em um Brasil com uma realidade bem desafiadora, basta sair de casa e olhar para baixo dos viadutos. Isso é justo?
Podemos não mudar tudo, mas na construção de uma história, em uma sociedade generosamente desapegada, desinteressada, desprendida, benéfica, e com olhar de misericórdia, semearemos um futuro mais responsável e não uma pobreza invisível, de faz de contas, que não vejo o que se passa nas ruas de inúmeras cidades.
*Carlinda Tinôco é vice-coordenadora do PRB Mulher em São Paulo;
durante sete anos atuou como coordenadora nacional do RAABE;
projeto criado para valorizar e dar assistência às mulheres vítimas de
violência doméstica e abuso; é escritora com três livros publicados;
esposa, mãe e dedicada às causas sociais