Copa para quem?

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Quando citei, em meu artigo anterior, que o povo unido tem a força de um gigante, tinha convicção de que fato ele tem, e provou isso nas manifestações da última semana. Há algum tempo tenho observado que o descontentamento da população que, até então não afetava um governo prepotente e autoconfiante, começava a ganhar maiores proporções quando as obras dos reluzentes estádios começaram, enfim, a serem concluídas, a base de muito dinheiro enxertado para garantir que os prazos fossem cumpridos – embora, ainda assim, não foram.
Afinal, parece que alguém lucrou muito com a copa, e não foram os brasileiros. Foram gastos quase R$ 30 bilhões, valor maior do que os gastos com as últimas três copas somadas juntas. Afinal, vale a pena sediar este grandioso evento, em detrimento de outras prioridades? Em termos econômicos, a resposta é não. Ela transfere o pagamento de impostos dos contribuintes que poderia ser usado em outros projetos essenciais para país, para um único mês de futebol. E pensar que alguns destes belíssimos estádios estão fadados a se tornarem verdadeiros elefantes brancos. Ou seja, temos os estádios, mas infraestrutura que o cerca continua precária e vergonhosa.
No pronunciamento oficial da presidenta Dilma Roussef, ela afirmou que não há recursos públicos investidos nas arenas que vão sediar os jogos. Dados oficiais revelam que a realidade é outra. Dos sete bilhões desembolsados com as novas áreas, apenas 612 milhões vieram da iniciativa privada. Como justificar?
Como todo brasileiro, também sou apaixonado por futebol e tenho orgulho de vestir a camisa verde e amarela. Entretanto, antes de torcer pelo sucesso da seleção brasileira, torço pelo sucesso do povo brasileiro. Não podemos simplesmente fechar os olhos para a inépcia de um governo que prejudica a todos nós a curto, médio e longo prazo.
Por esse, e tantos outros motivos, os protestos que tiveram início em São Paulo – quando foi anunciado o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus e metrô – vazou rapidamente para diversas cidades do país, ampliou a gama de justas reivindicações e ganhou proporções que mudará sutil ou amplamente – ainda não se sabe – a trajetória de nosso país.
Sim, as manifestações trazem consigo a força desse gigante que estava adormecido, amortecido e que desperta para buscar uma realidade diferente da que tachou o país de Terra de Ninguém, cuja dominação exploratória iniciada há 500 anos, parece não ter fim. Desperta para buscar uma democracia que tanto se prega, mas que se desenrola entre entrelinhas de interesses políticos.
O brasileiro mostrou que chegou a hora de se organizar para conquistar. E a conquista pode ser apenas a travessia de uma linha tênue entre ser permissivo e ser atuante, entre ter ideias e colocá-las em prática, entre ser ouvido ou ser excluído. Uma linha tênue que pode ser ultrapassada para, finalmente, fazer a diferença. Você, quanto povo, está disposto a fazer parte dessa história ou vai continuar de braços cruzados, apenas se lamentando?
Vinicius Carvalho
Vice-Presidente – PRB Estadual -São Paulo
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