Quanto maior o nível de envolvimento religioso, menores são os níveis de depressão, suicídio, problemas com álcool e drogas
Existem muitos estudos que investigam o impacto da fé sobre a saúde e, os resultados mostram que quanto maior o nível de envolvimento religioso, menores são os níveis de depressão, índices de suicídio, problemas com álcool e outras drogas, maior qualidade de vida e menor mortalidade geral. A fé é o alimento para todas as horas, especialmente, as mais difíceis, como o momento em que vivemos com a covid-19.
O isolamento social, os óbitos, a perda de emprego e renda e tantas outras questões ligadas à pandemia tem sido duras para muitos e nem todos estão preparados para lidar com o equilíbrio necessário. No entanto, saber que estamos acolhidos e amparados pelos templos que proporcionam a assistência religiosa e até de alimentos e psicológica, garante a alegria de um sorriso em tempos sombrios.
Uma pessoa que valoriza a fé tende a ter um pensamento mais saudável e se preocupa mais com os outros e não pensa só em si mesmo e, o fato de as pessoas orarem e buscarem por seus templos quando enfrentam algum problema se deve ao poder que a fé tem para superar dificuldades. Àqueles que estão ligados a uma comunidade de fé ou a uma vida espiritual conseguem lidar com as questões-limite com mais tranquilidade e serenidade.
Além disso, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), referência na medicina brasileira, publicou o mais completo documento sobre a relevância da espiritualidade e de atributos como a compaixão e o perdão no tratamento de diversas doenças. O levantamento brasileiro traz 368 referências de estudos internacionais sobre o assunto feitos nos últimos anos. Um dos trabalhos mais interessantes foi desenvolvido pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com cristãos. Ele atestou que ir à igreja ao menos uma vez por semana pode reduzir a mortalidade de 20% a 30% em um período de até quinze anos. O ponto básico para explicar o papel da fé na saúde é associá-lo ao modo de ver a vida. Uma das possíveis explicações lógicas é a associação que a crença pode ter com hormônios. A prática religiosa está ligada a secreção de endorfina e dopamina, substâncias do prazer e bem-estar.
Por isso é tão importante mantermos esses locais abertos. A assistência espiritual é essencial para muitas pessoas enfrentarem a pandemia. A permissão de realização de celebrações religiosas coletivas, mediante a adoção de adaptações razoáveis destinadas à prevenção da transmissão da covid-19, confere viabilidade e concretização à liberdade religiosa e de culto, sem prejuízo da proteção à saúde pública.
Algumas atividades religiosas podem ser realizadas on-line, mas outras, não, o que acaba por criar um privilégio para praticantes de algumas religiões em detrimento de outras. Além disso, nem todos têm acesso à internet rápida, o que prejudica principalmente os mais carentes.
Na Câmara, sou co-autora do Projeto de Lei 1995/2020, que estabelece que as igrejas, os templos religiosos de qualquer culto e as comunidades missionárias sejam reconhecidas como atividades essenciais, em especial, nos períodos de calamidade pública no Brasil, sendo vedada a determinação de fechamento total de tais locais. Atualmente, o PL está aguardando designação de relator na Comissão de Seguridade Social e Família.
Como parlamentar e sobretudo cristã, acredito que a abertura das igrejas com os devidos cuidados é adequada não somente para garantir a saúde física, como também a saúde mental e espiritual da população em um momento de agravamento da epidemia em todo o país.
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos SP e secretária estadual do movimento Mulheres Republicanas