A Cultura da violência doméstica no Brasil

Uma em cada três mulheres em todo o mundo já foi ou será vítima de violência física ou sexual por parte dos seus parceiros

A violência doméstica é uma triste realidade, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), uma em cada três mulheres em todo o mundo já foi ou será vítima de violência física ou sexual por parte dos seus parceiros em algum momento da vida.

Infelizmente os números nem sempre refletem totalmente a realidade, visto que muitas vezes, por medo, dependência financeira ou afetiva, muitas mulheres deixam de denunciar as agressões sofridas.

No Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, até bem pouco tempo, mais de 60% dos casos de violência doméstica não eram notificadas. Hoje, cerca de 52% dos casos já são registrados. É importante ressaltar que esses dados se relacionam apenas à violência doméstica, pois a violência sexual ainda é pouco notificada.

Alguns fatores contribuem para o aumento de violência contra a mulher, um deles é a desigualdade social. Em alguns países de baixa renda, por exemplo, o número de mulheres vítimas de violência doméstica é de uma para cada duas.

Outro fator agravante para o aumento das estatísticas foi a pandemia e o isolamento social causado por ela. Isso porque nos casos de violência doméstica, a casa da mulher deixa de ser um lugar de abrigo e proteção e passa a ser o lugar onde ela corre mais perigo.

De acordo com um levantamento realizado pela Universidade de São Paulo, apenas nos primeiros 64 dias de 2019, 200 mulheres foram assassinadas no país, uma média de 5,31 casos por dia.

No mesmo ano, os serviços de denúncia 180 e Disque 100 registraram 105.821 denúncias de violência doméstica contra a mulher.  Do total de registros efetuados nesses canais, cerca de 30% são relacionados
à violência doméstica.

Ainda de acordo com os dados divulgados pelo Governo, a maior parte das vítimas de violência doméstica são as mulheres pardas com idade entre 35 e 39 anos. Em relação aos agressores, o perfil mais comum é de homens brancos com idade entre 35 e 39 anos.

Com base nos dados apresentados fica clara a necessidade de fortalecer políticas públicas de proteção às mulheres e criar mecanismos, tais como a Lei Maria da Penha para coibir a violência doméstica. Além disso, precisamos reeducar a sociedade quanto aos direitos e deveres de cada cidadão, combatendo a cultura machista que presenciamos.

*Edna Macedo é deputada estadual pelo Republicanos SP