Capital – “O Brasil vive um momento difícil na política em todos os sentidos, e isso acaba refletindo na Assembleia Legislativa”, diz o deputado Gilmaci Santos (PRB). Em sua entrevista para o portal da Assembleia Legislativa do Estado de Sao Paulo (ALESP), ele afirma que muitos projetos foram apresentados nos últimos dois anos, mas boa parte foi vetada pelo governo estadual.
Santos defende a harmonia e independência dos Três Poderes, para que os projetos de interesse dos deputados e do governador possam ser colocados em discussão e sejam aprovados com mais agilidade.
No terceiro mandato, o parlamentar associa a sua atuação política ao diálogo com a sociedade. “Com base nas dificuldades da população, nós procuramos levar essas necessidades para o governo”, diz.
Ele lembra que, durante os dois anos em que está no cargo, visitou mais de 100 cidades no Estado de São Paulo e procurou ouvir e buscar soluções para as demandas apresentadas pelos municípios.
Carreira política
Nascido em Dourados, Mato Grosso do Sul, Gilmaci Santos veio para São Paulo com 11 anos e começou a trabalhar no setor do comércio varejista. Desde 1987, atua com o apoio às comunidades carentes, sobretudo na região Oeste do Estado.
Santos explica que esta experiência foi o motivo para ingressar na vida política. Ele tentou, por duas vezes, a candidatura como vereador em Cotia, mas acabou sendo eleito deputado estadual em 2006, com 65.188 votos. Na última eleição, em 2014, teve 103.127 votos.
O deputado afirma que representa a Igreja Universal do Reino de Deus no parlamento. Para ele, se não fossem os votos da instituição, não teria sido eleito.
Trabalho social e juventude
“Pelo menos uma vez por mês visito as comunidades carentes. Acredito que na maioria das vezes falte apenas um incentivo para melhorar a vida de um indivíduo. O meu papel é mostrar que esta população precisa ter os seus direitos respeitados”, declara.
O parlamentar busca envolver os jovens no meio político. Ele defende uma maior participação deles nas eleições, seja como eleitores ou candidatos. Para Santos, a juventude brasileira não deve apenas criticar a situação atual do Brasil, mas apontar soluções para a crise.
Ele também indica que há uma falta de movimentos estudantis com empenho. “O grupo de “black blocs” não pode ser considerado uma ação estudantil, pois representa desorganização e bagunça. Sugiro criar movimentos inteligentes dentro da política, com pessoas conscientes”, diz.
Sobre o combate às drogas, Gilmaci Santos acredita que pode ajudar nesta luta. “Os deputados devem propor legislações neste sentido e se fazerem presentes com as ONGs, sociedade civil organizada e igrejas para conscientizar a população”, diz.
Leis e projetos
Há 11 anos no parlamento paulista, o deputado Gilmaci Santos destaca as propostas apresentadas que merecem destaque. A Lei Estadual 13.835/2009, que obriga os fornecedores de serviços a disponibilizar nas faturas o endereço completo de suas instalações comerciais, para diminuir os conflitos com empresas e aproximar o consumidor do fornecedor, resultou de projeto de sua autoria.
Outra lei importante, segundo ele, é a que proíbe a revista íntima dos visitantes nos estabelecimentos prisionais do Estado. “Pela proposta, os procedimentos só devem ser realizados em razão de necessidade de segurança e serão efetuados com respeito à dignidade humana”, declara.
O projeto de Lei Projeto de Lei 131/2016 busca instituir a campanha “Abril Marrom” para prevenção e combate às diversas espécies de cegueira. Santos afirma que criou o projeto depois que a filha de um amigo ficou doente. “Dentro de 15 dias ela ficou cega de um olho, mas posteriormente foi possível realizar uma operação e a jovem teve sua visão restaurada”, diz.
O caso o deixou curioso: por meio dele, foi pesquisar sobre os sintomas apresentados e notou que grande parte da população tem problemas de visão muito sérios.
De acordo com dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Dentre elas, 582 mil são cegas e 6 milhões têm baixa visão.
Santos também lembrou quando descobriu que não há fila de espera para transplante de córnea. “Há [córneas] sobrando nos bancos. Muitas pessoas com dificuldades visuais não são diagnosticadas, não recebem o tratamento correto e acabam perdendo a visão”, diz.
O deputado defende que é preciso realizar uma campanha de conscientização para que mais pessoas possam fazer os exames e, caso precisem de transplante, tenham a possibilidade de realizar a cirurgia.
Cenário político
Em meio a grandes escândalos e descrença da população com a política brasileira, Gilmaci Santos sugere que os políticos atuais devem reconhecer “que não são os donos da razão, e sim representantes da população”. Para ele, as pessoas no poder “perderam os limites, acharam que podiam fazer tudo e que nunca teria consequência”.
O deputado defende uma renovação e aponta o parlamentarismo como uma solução para a crise política. Segundo ele, seria possível uma fluidez maior nos cargos, “vem o Primeiro Ministro, dissolve o Congresso, chama eleições e renova tudo”, diz.
Ele também fala sobre a falta de informação da população. “O povo não vai a fundo para saber da realidade”. Para Santos, a única solução para este problema deve partir da educação.
Fonte: Portal Alesp