Vamos transformar a pandemia em um marco de solidariedade | Maria Rosas


Em tempos de pandemia, o isolamento social já é uma realidade para os brasileiros. A recomendação do governo é o isolamento social, mas para muitas pessoas, a medida implica em não ter uma remuneração, como milhares de trabalhadores informais e empregadas domésticas (este, é um mercado em que 93% das trabalhadoras são mulheres e muitas delas são as únicas provedoras do lar e a maioria sofre com a informalidade dos seus serviços – 70% não tem carteira assinada). Além disso, muitas são as mulheres que não foram dispensadas para o trabalho home office e, portanto, com o fechamento das escolas, não têm com quem deixar seus filhos. Felizmente, diante das incertezas, uma onda de solidariedade vem crescendo. Em todo o país, muitas pessoas têm se voluntariado para prestar ajuda ao próximo.
É o caso de empregadores que não deixam de pagar pelos dias não trabalhados das empregadas domésticas. A iniciativa contribui para a estabilidade do mercado financeiro e alivia as tensões de quem tem a responsabilidade de sustentar uma casa.
E se as mulheres acumulam jornada dupla e tripla de trabalho com afazeres domésticos e cuidado dos filhos, a pergunta que toda mãe se faz é: com quem irei deixar meus filhos que, agora, estão dispensados das escolas?
Apesar de as crianças não estarem dentro do grupo de maior risco de casos graves de coronavírus, podem acabar transmitindo a doença. E o problema é que muitas ficarão em casa aos cuidados dos avós – esses, sim, dentro do grupo de risco de maior letalidade. No entanto, o que se espera é que a medida freie o pico de contaminação do vírus, poupando o sistema de saúde de uma sobrecarga que ocasione mais mortes. O fato é que o impacto já esta sendo sentido entre as mulheres.
Para minimizar esse impacto, aprovamos na Câmara dos Deputados, no dia 26 de março, medidas de proteção social a serem adotadas durante o período de enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus. Algumas das medidas é o pagamento de dois benefícios emergenciais para mulheres provedoras da família monoparental. O auxílio será pago com verba da União e o valor é de R$ 600 reais cada parcela.
Outra boa notícia é que algumas plataformas já estão conectando voluntários às pessoas que precisam de ajuda por causa do isolamento. Há contadores de história que podem ajudar a distrair crianças, há professores de administração que oferecem orientação a pequenos empresários e há profissionais que se colocam à disposição para ajudar.
É na crise que melhor desenvolvemos nossa capacidade de colaboração, superação e solidariedade. O coronavírus se instalou, mas da mesma forma que se iniciou, que ele tenha um fim. Na Câmara, a bancada do Republicanos está se ajustando ao novo método de trabalho virtual, continua defendendo e votando mais recursos para a saúde, principalmente para a compra de equipamentos que auxiliem no combate à pandemia e para que os impactos sejam os menores possíveis. Mas de tudo isso, uma coisa é certa: o brasileiro tem demonstrado que a bondade e a união superam qualquer pandemia.
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos São Paulo e secretária estadual do Mulheres Republicanas