Pandemia: como ficam as mulheres no mercado de trabalho

Precisamos de mais estruturas públicas para dar suporte às necessidades delas, com equipes multidisciplinares, atendimento psicológico e criação de vínculos


Entre alguns dos impactos deixados pela pandemia do coronavírus, está a redução de oportunidades no mercado de trabalho para mulheres. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), que apontou que mais de 4 milhões de mulheres perderam o emprego entre o primeiro e segundo trimestre deste ano no Brasil.
A explicação é que a pandemia trouxe exigências que fizeram aumentar o cuidado e afazeres domésticos, com os filhos, família, pais e idosos e que são realizados, na maioria, por mulheres.
Muitas mães super-representadas na força de trabalho, como hotelaria, alimentação, varejo e manufatura e com faixas mais baixas de renda estão preocupadas com o risco de demissão e ainda, mesmo as que possuem alguma estabilidade, estão sobrecarregadas. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres ainda representam três quartos de todo o trabalho não remunerado, com a “dupla jornada” e alerta que quando os empregos são escassos, as mulheres frequentemente têm oportunidades negadas de emprego disponíveis aos homens. Concluímos com as pesquisas que há um alto número de mulheres, mães solo tentando buscar soluções em meio a uma sensação de insegurança.
Faltam projetos que apoiem o desenvolvimento das mães. Precisamos de mais estruturas públicas para dar suporte às necessidades delas, com equipes multidisciplinares, atendimento psicológico, criação de vínculos entre as mulheres, políticas voltadas ao cuidado e desenvolvimento na primeira infância.
No empreendedorismo, ramo que cresce cada vez mais entre mulheres (não por oportunidade, mas por necessidade) também é necessário incentivo. O  governo precisa oferecer linhas de crédito e condições de vendas diferenciadas para as mulheres e outras políticas públicas que apoiem novos negócios além de programas de capacitação, isso para que se diminua minimamente os impactos e riscos de precarização.
Entre as mulheres empreendedoras no país, 40% sustentam as famílias com a renda obtida nos negócios. A previsão é que o empreendedorismo entre mulheres cresça entre 20% e 25% nos próximos 12 meses.
Tenho apoiado, por meio de emenda parlamentar, projetos que estimulam o empreendedorismo e a capacitação técnica, como o da Casas e Espaços Clara Maria e Casa das Rosas, Margaridas e Beths, que abrigam mulheres que sofrem violência doméstica e oferecem cursos para autonomia financeira. Assim criamos a possibilidade de oferecer às mulheres, que já empreendem ou pretendem empreender, as devidas condições para que toquem os seus negócios de forma assertiva. É uma forma de viabilizar alternativas de emprego e renda, de ampliar competências, conhecimentos e práticas que possibilitem a gestão empresarial eficiente, além de potencializar a ação produtiva.
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos São Paulo e secretária estadual do Mulheres Republicanas SP