Pesquisadores, especialistas e autoridades participaram da mesa-redonda e trouxeram números sobre a realidade dos diversos tipos de violência vividos por jovens atletas que treinam nos centros de formação e nos clubes de futebol pelo país.
O jornalista e pesquisador Breiller Pires, que desenvolveu uma pesquisa nacional sobre o abuso sexual nas categorias de base de futebol, chamou a atenção para o descaso na apuração das denúncias, um problema que ainda permanece entre os clubes. De acordo com ele, são registrados, por ano, 20 casos de violência sexual infantil em clubes e escolinhas. “O ambiente do futebol é permissivo e ainda não há um compromisso sério, por parte dos clubes, para combater a violência sexual infantojuvenil”, afirmou.
A presidente da Federação Sul-Americana de Jiu-Jitsu, Luciana Neder, lamentou a onda violência nos tatames contras as atletas brasileiras, vítimas de agressões, assédios, abuso sexual e violência psicológica. De acordo com ela, 30% das denúncias feitas por atletas mulheres são de violência sexual. “Se as denúncias fossem apuradas e os agressores afastados, teríamos mais mulheres no jiu-jitsu. Poucas mulheres chegam à faixa preta, por causa da violência. Precisamos criar ouvidorias nos estados e qualificar os treinadores, exigindo-lhes formação superior em educação física”, explicou ela.
Impunidade
A promotora do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Denise Vilela, explicou que a criança ou adolescente vítima de violência sexual no esporte é vítima duas vezes quando a família não acredita na denúncia. “De um lado, há um professor bem conceituado no mercado e com boa reputação. De outro, há a criança fragilizada. Assim, poucos casos chegam ao conhecimento das autoridades. Para o jovem atleta, fica o sentimento de impunidade”, disse a promotora.
O representante do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Hilbert Pintorra, reforçou a importância do ‘Programa Criança Protegida’, implantado este ano pela ministra Damares Alves. O programa consiste em formar pessoas capazes de identificar nas crianças e adolescentes indícios de abuso sexual e levar os suspeitos às autoridades. O programa já formou multiplicadores em Rondônia, Santa Catarina, Amazonas e, em breve, será implementado no estado do Paraná.
“Uma criança ou adolescente vítima de abuso sexual está condenada a uma prisão perpétua. Sem o tratamento e apoio necessários, toda a família está fadada a essa prisão. É nosso compromisso criarmos meios para conter essa mazela social”, destacou Hilbert.
Também participaram do debate o gerente de sustentabilidade e responsabilidade social da CBF, Diogo Cristiano Netto; o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, José Rinaldo Martorelli; a representante do Conselho Nacional de Educação Física, Nicole Christine Azevedo; o representante da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor; e o diretor da Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, Clair Tomé Kuhm.
Texto: Ascom – deputado federal Roberto Alves
Fotos: Agência Câmara
Edição: Agência Republicana de Comunicação (Arco)