“A única coisa que todos nós do PRBestamos exigindo do governo Bolsonaro é respeito ao Parlamento brasileiro. Ouvi muitas críticas e agressões aqui, mas até agora não vi nenhuma sugestão. Pois quero apresentar uma. O governo receberá ainda no segundo semestre desse ano um aporte extra da ordem de R$ 90 bilhões do bônus do pré-sal. Minha proposta ao presidente Bolsonaro e ao ministro Paulo Guedes é que tire R$ 2 bilhões desse recurso e deixe reservado para resolver o problema do contingenciamento da educação”, disparou Silvio Costa Filho.
Na avaliação do parlamentar pernambucano, o governo não está sabendo se comunicar sobre o assunto. “Nizan Guanaes, o baiano, dizia que o importante não é que se diz. É o que as pessoas entendem. E o que está nas ruas é que o governo cortou e não vai ter mais alternativa. Nós precisamos que o senhor apresente de forma objetiva, transparente e efetiva uma posição mais clara de como vamos resolver esse problema. Não vamos entrar nesse diálogo contraproducente, ideológico, partidário, porque o povo brasileiro está enjoando disso. O Congresso Nacional tem que se reencontrar com a sociedade”, sugeriu Silvio Costa Filho.
O deputado paranaense Luizão Goulart também criticou o corte generalizado na área da educação e questionou como o ministro pretende fazer os cortes. “Fui gestor de um município por oito anos e terminei a minha administração sendo considerada a mais bem avaliada do Brasil. Uma gestão eficiente requer planejamento, equilíbrio e diálogo. Como serão feitos os cortes? De uma forma autocrática ou chamando os representantes dos municípios e os reitores das universidades para conversar?”, disse.
A deputada Aline Gurgel também pediu esclarecimento sobre o corte de recursos. “Se a razão é a produção acadêmica e a balbúrdia, por que prejudicar aqueles que vêm desempenhando um trabalho sério, sr. ministro? Estou representando a bancada do PRB e os milhares de estudantes, pais e professores que ocuparam as ruas do Brasil no dia de hoje. Entenda a angústia de todos nós parlamentares diante da indefinição das informações”, afirmou a republicana.
Gurgel também criticou o fato de o contingenciamento ser condicionado à aprovação da reforma da Previdência. “Isso decorreu de um cálculo do seu Ministério, de um estudo, ou isso se traduz em uma trágica pressão sobre este Parlamento para a aprovação da proposta? Se a PEC da Previdência não for aprovada neste semestre, como as universidades darão continuidade às suas atividades? Cito, por exemplo, as pesquisas para o desenvolvimento da vacina contra o zika vírus”, concluiu a deputada.
Durante a discussão, o ministro reafirmou que a medida anunciada pelo governo não é um corte, apenas um contingenciamento. Às críticas que recebeu da oposição, ele disse: “Eu também gostaria de dizer que fui bancário, de carteira assinada, a azulzinha. Trabalhei muito! Pagava imposto sindical, para valer”. O deputado Marcos Pereira respondeu ao ministro que também teve carteira assinada e que sabe “o que é uma carteira assinada”.
Por fim, Pereira agradeceu a presença do ministro e acrescentou a relevância do Congresso na manutenção da democracia: “O Parlamento tem um papel fundamental no equilíbrio, é independente e mostra isso nesta data. Os poderes têm que ser harmônicos, como diz a nossa Constituição”.
Texto: Mônica Donato / Ascom – Liderança do PRB na Câmara
Foto: Douglas Gomes