As crianças e adolescentes são vorazes em tecnologia, mas é engano acreditar que tamanha destreza seja o mesmo que ter maturidade para lidar com as armadilhas da internet. Para nós, pais, as redes sociais são um perigo iminente, porque não sabemos com quem os nossos filhos estão se relacionando por meio do aparelho celular.
É importante ratificarmos que o abuso sexual também acontece pela internet. Como isso é possível? Explico: os bandidos usam nomes e rostos falsos para criar perfis fictícios ou ‘fakes’ nas redes sociais, para então se misturarem a outros jovens. Usando linguagem simples, com as gírias típicas da garotada, eles publicam fotos em lugares paradisíacos, vídeos de festas, ostentam bens. Em pouco tempo, chegam a ele as solicitações de amizade de pessoas reais.
Aceitando a amizade, o criminoso se aproxima da criança ou do adolescente por meio de bate-papo on-line, estabelecendo uma relação de confiança. E dessa confiança, o bandido, com a desenvoltura que lhe é peculiar, convence a vítima a fazer ‘selfies’ usando roupas íntimas, nua ou seminua, em posições eróticas ou até mesmo pornográficas.
Parece inacreditável, mas muitos jovens caem no golpe. As imagens vão parar em redes de pedofilia que operam na internet oculta, sendo usadas como moedas de venda e troca. Há casos em que o bandido se revela para a vítima e obriga-lhe a fazer mais fotos, sob a ameaça de publicar as imagens constrangedoras nas redes sociais. Muitos adolescentes entram em depressão e até cometem suicídio.
A ingenuidade é justificável, porque estamos falando de crianças e adolescentes, pessoas vulneráveis e em fase de desenvolvimento intelectual. É importante que estejamos atentos, prontos para orientá-los e socorrê-los, se for necessário. De nada adiantará impedi-los de terem acesso às redes sociais, reter-lhes o aparelho celular. O importante é dialogar com os nossos filhos, prepará-los a resistir aos modelos e modismos que os grupos sociais impõem.
Sobretudo, é preciso orientá-los sobre as consequências de publicar ‘selfies’ exaltando o próprio corpo em formação, em poses sensuais, ou até mesmo postando fotos exibindo bens materiais. Isso chama a atenção dos criminosos.
A prevenção contra o abuso sexual de crianças e adolescentes por meio da internet começa em casa. Saber com quem nossos filhos estão falando nas redes sociais não é invasão de privacidade. É proteção. Acredite: o diálogo franco e aberto pode salvar seu filho das garras dos abusadores sexuais.
*Roberto Alves é deputado federal pelo PRB São Paulo