A cerimônia oficial de abertura das Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, foi realizada na sexta-feira, 5 de agosto, no Estádio do Maracanã. No palco, houve uma grande exaltação ao Brasil, alternada a críticas sociais, com citações à urbanização e à violência, afinal não adianta esconder do mundo as mazelas que o país enfrenta.
Há três semanas, pesquisa Datafolha revelou que 50 por cento dos brasileiros são contrários à realização dos Jogos no Rio. Ainda de acordo com o levantamento, o percentual de reprovação dobrou na comparação com a sondagem anterior, feita em junho de 2013. Àquela época, 25 por cento dos brasileiros se opunham às Olimpíadas no Rio.
Voltando no tempo, como se não bastasse o fato do Brasil ser o país mais pobre entre os candidatos para sediar a Olimpíada 2016, o Comitê Olímpico Brasileiro apresentou a proposta mais cara. Mas o Brasil estava disposto a bancar. O orçamento total dos jogos foi de 39 bilhões de reais: 7 bilhões para as despesas da organização, com investimento privado do próprio comitê organizador; 7 bilhões para as instalações olímpicas; e 24 bilhões para obras de vias urbanas, revitalização do porto, e transporte como o VLT, o BRT e a ampliação do metrô.
Para construir as arenas e estádios, 30 por cento dos recursos vieram do governo federal, 60 por cento da iniciativa privada por meio de parcerias com a prefeitura do Rio e 10 por cento saíram dos cofres do município, o equivalente a 732 milhões de reais. Cabe lembrar a repercussão negativa da decretação de calamidade financeira pelo governo do Estado do Rio, embora o prefeito da cidade, Eduardo Paes, insista em reafirmar que as Olimpíadas não foram a razão do caos econômico que o Estado enfrenta.
No mundo inteiro já há um debate amplo sobre os custos e benefícios de se receber essas competições justamente porque se percebeu que, ao menos do ponto de vista econômico, nem sempre a conta fecha. Não é à toa que em muitos lugares a questão já está sendo levada a plebiscito.
O grande trunfo apontado pelas autoridades, principalmente do Rio de Janeiro, para sediar um evento esportivo de tamanha grandeza, é o legado. Mas será que ficarão mais soluções ou mais problemas? É fato que as dívidas contraídas para a execução das obras podem levar décadas para serem pagas, problema observado em cidades que sediaram os Jogos, como Atenas e Montreal. Também é fato que o aumento do fluxo de turismo neste momento não implica num crescimento do setor em longo prazo.
Vale destacar que em 2009 quando o Rio de Janeiro foi escolhido como cidade-sede para os jogos 2016, o momento era de grande euforia com a economia brasileira, que continuava a crescer apesar da crise econômica mundial. Hoje a situação é outra, extremamente delicada, e é natural os questionamentos: será que uma Olimpíada vai mudar o humor do empresário ou convencer estrangeiros a investirem no Brasil ou o que convence o investidor é ver o país crescendo, num ambiente institucional favorável?
Do ponto de vista da segurança, se a criminalidade por si só não fosse suficiente para preocupação, a onda de terrorismo no mundo atemoriza, afinal o Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro, estará reunindo mais de duzentos países, muitos deles, alvos de grupos extremistas. Por isso mesmo, todo empenho do governo federal em auxiliar a cidade-sede.
Não adianta mais se opor. Agora é torcer para que a Olimpíada 2016 transcorra da forma mais segura tanto para a população brasileira como para os estrangeiros. Agora é torcer para que o mesmo desempenho, a mesma atitude das autoridades para com a realização do evento, se mantenha, para que o nosso país seja medalha de ouro em saúde, educação, segurança, emprego, transporte e moradia. Que o legado das Olimpíadas 2016 seja a melhoria dos índices sociais do Brasil.
Vinicius Carvalho
Deputado Federal