Ideologia de gênero não pode ser interpretada de outra forma que não seja a tentativa de desestruturar, destruir a família, como instituição. Forças, que não há outra forma de rotulá-las, a não ser de malignas, tentam fazer com que as pessoas passem a considerar que ninguém nasce homem ou mulher, mas que deve construir sua própria identidade, isto é, o seu gênero, ao longo da vida.
Isto significa, de acordo com esse plano maquiavélico, considerar absolutamente natural que o homem passe a ser mulher e vice-versa.
Querem empurrar a ideia de que tudo é muito natural, que a sociedade precisa deixar de ser retrógrada, que o mundo mudou e que as mentes precisam estar abertas para as novidades, para a “pseudo” evolução.
O plano de “ideologia de gênero” é tão diabólico que não se restringe apenas a influenciar os adultos. Quer atingir as crianças. O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005 de 2014, que votamos aqui no Congresso Nacional e foi sancionado pela Presidenta Dilma no ano passado, prevê metas para a educação básica até a pós-graduação a serem atingidas nos próximos 10 anos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. Inserida no contexto dessas metas estava a tal ideologia de gênero. Porém, após amplo debate aqui no Congresso Nacional, foi retirada da redação e sancionada sem menção à ideologia de gênero.
Mas esse fantasma não se afasta tão facilmente. Não podemos deixar que sorrateiramente, de forma escamoteada essa expressão “ideologia de gênero” ganhe espaço e deteriore a sociedade. Estou atento a todas as manobras nesse sentido. Recentemente, diante da percepção de que estariam instituindo, na surdina, a poligamia no país, apresentei um projeto que tramita nesta Casa, que veta o reconhecimento da chamada “união poliafetiva”, formada por mais de dois conviventes. Reconhecer a poligamia no Brasil seria um atentado contra a família tradicional, em total contradição com a nossa cultura e valores sociais.
A verdade é que a introdução dessa tal ideologia de gênero na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias. Para os que consideram este pensamento uma afronta à evolução da sociedade brasileira, há uma resposta clara de uma associação de pediatras dos Estados Unidos. A American College of Pediatricians declarou, recentemente, que a ideologia de gênero é nociva às crianças, a partir do princípio de que todos nascemos com um sexo biológico.
Fatos, portanto, e não uma ideologia, determinam a realidade.A declaração expõe razões para que os educadores e legisladores rejeitem todas as políticas que condicionem as crianças a aceitarem a teoria de gênero. A iniciativa dos médicos se soma a inúmeras outras, provindas dos mais diversos segmentos. A medicina, portanto, vem respaldar mais uma vez a verdade sobre a família.
A Associação destaca que a sexualidade humana é um traço biológico binário e objetivo. Cromossomos XX são meninas e XY meninos. São marcadores genéticos de saúde, não de um distúrbio. A sexualidade humana é binária, com o óbvio propósito da reprodução e florescimento de nossa espécie. Esse princípio é auto-evidente. Os médicos ressaltam que os transtornos extremamente raros de diferenciação sexual são todos desvios medicamente identificáveis da norma binária sexual, e esses indivíduos não constituem um terceiro sexo.
Mais uma colocação da Associação americana: ninguém nasce com um gênero. Todos nascem com um sexo biológico. De acordo com os pediatras fica claro que Gênero é um conceito sociológico e psicológico, não um conceito biológico objetivo. Ninguém nasce com uma consciência de si mesmo como masculino ou feminino. Essa consciência se desenvolve ao longo do tempo e, como todos os processos de desenvolvimento, pode ser descarrilada por percepções subjetivas, relacionamentos e experiências adversas da criança, desde a infância. Pessoas que se identificam como “se sentindo do sexo oposto” ou “em algum lugar entre os dois sexos” não compreendem um terceiro sexo. Elas permanecem homens biológicos ou mulheres biológicas.
Importantíssima a conclusão dos médicos de que a crença de uma pessoa de ser algo que não é, trata-se, na melhor das hipóteses, de um sinal de pensamento confuso. Quando um menino biologicamente saudável acredita que é uma menina, ou uma menina biologicamente saudável acredita que é um menino, um problema psicológico objetivo existe, que está na mente, não no corpo, e deve ser tratado como tal. Para os pediatras da referida associação, essas crianças sofrem de Disforia de Gênero, que é um transtorno mental reconhecido pela mais recente edição do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana. Detalhe: as teorias psicodinâmicas e sociais de Disforia de Gênero nunca foram refutadas.
A Associação alerta que a puberdade não é uma doença e hormônios que bloqueiam esta etapa da vida podem ser perigosos. Reversíveis ou não, hormônios que bloqueiam a puberdade induzem a um estado doentio e inibem o crescimento e a fertilidade em uma criança até então biologicamente saudável. Estudos revelam que cerca de 98 por cento de meninos e 88 por cento de meninas confusas com o próprio gênero aceitam seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade.
Por mais incrível que possa parecer, há crianças usando bloqueadores da puberdade para personificar o sexo oposto, sob risco de aumento da pressão arterial, formação de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral e câncer. Fica o questionamento: que pessoa razoável seria capaz de submeter jovens crianças a este destino, sabendo que após a puberdade a grande maioria das meninas e quase a totalidade dos meninos confusos acabam aceitando a realidade e atingindo um estado de saúde física e mental? Condicionar crianças a acreditar que uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto é normal e saudável configura abuso infantil.
A Associação revela ainda que taxas de suicídio são vinte vezes maiores entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e se submetem à cirurgia de mudança de sexo. Por fim, pediatras americanos concluem que a discordância de gênero como normal através da rede pública de educação e de políticas legais irá confundir as crianças e os pais, engrossando o número das que são apresentadas às “clínicas de gênero”, onde lhes serão dados medicamentos bloqueadores da puberdade.
Isso, por sua vez, praticamente garante que eles estarão condenados a uma vida inteira de hormônios cancerígenos e tóxicos do sexo oposto, além de levar em conta a possibilidade da mutilação cirúrgica desnecessária de partes saudáveis do seu corpo quando forem jovens adultos.
Não há, absolutamente, fundamento para a ideologia de gênero. Como podemos observar, a própria medicina americana a condena porque não há como negar a origem da vida, muito menos conspirar contra o autor dela.
Vinicius Carvalho
Deputado Federal