Após o término de um relacionamento, um namoro desenfreado, amizades que pareciam por toda a vida… as diferenças não se alinham. Discussões, palavras ofensivas, descontrole chegando ao extremo… agressão. Marcas negativas, palavras mal colocadas que geram mágoa. Cenas que muitas vezes têm como desfecho o “feminicídio”.
Por que a mulher fica presa a um relacionamento descontrolado e não se livra dele? Vergonha, falta de recursos, sentimento de culpa – que não é dela, mas que foi colocada e ela carrega dentro de si. Elas ficam psicologicamente afetadas pelo sentimento de raiva e vingança.
Há leis protetivas, como a de distância mínima de até 500 metros entre o agressor e a vítima. Mas essa legislação não tem sido o suficiente para proteger as mulheres. E, assim, elas vão ficando presas a um suposto relacionamento. Quando pensam em sair, são ameaçadas. Muitas vezes, até pela própria família.
A sensação é de estar sozinha. De não ter apoio. De não ter a quem recorrer. Mas quão bom é saber que somos participantes de uma criação única. Cada uma de nós tem uma identidade própria para ser cuidada e merecemos essa atenção.
É preciso despertar e valorizar a nossa própria existência. Devemos romper aos centros de proteção e anunciar com justiça impedindo que a violência apague o bem de todas. É fácil? Não, mas com o apoio certo é possível. Vamos buscar nossos direitos e, assim, viver livre para melhorar nossas escolhas e nunca mais passar pelo sofrimento da violência.
É vítima ou conhece uma mulher vítima de violência? Disque 180. O número é da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Não se cale. Denuncie. Juntas somos mais fortes.
*Carlinda Tinôco é vice-coordenadora do PRB Mulher em São Paulo;
durante sete anos atuou como coordenadora nacional do RAABE;
projeto criado para valorizar e dar assistência às mulheres vítimas de
violência doméstica e abuso; é escritora com três livros publicados;
esposa, mãe e dedicada às causas sociais