Estamos nos aproximando do aniversário das manifestações de junho de 2013. Os eventos ainda estão vivos na nossa memória e, quer goste ou não, ainda acreditamos que eles possam vir a ser repetir a qualquer momento. Por sua vez, a expectativa de que novos protestos ocorram acontece porque os governantes não conseguiram dar uma boa resposta aos manifestantes.
Boa parte deles alegou que, apesar das intensidade dos eventos, não havia líderes nem uma pauta clara de reivindicações que pudesse ser atendida.Mas isso não é verdade.
Olhando com atenção, vamos ver que cada um dos cartazes trazidos pelos manifestantes diziam em sua maioria apenas três mensagens: queremos que o governo escolha melhor as suas prioridades, de preferência nos consultando a respeito; queremos que o governo gaste melhor o nosso dinheiro, buscando melhores relações de custo/benefício e queremos que tudo isso seja feito de forma transparente.
A primeira mensagem estava nos cartazes que questionaram tantos recursos nos estádios enquanto a saúde e as escolas não funcionam bem. A segunda apareceu quando se criticou o preço dos estádios. Havia um sentimento de que arenas mais simples (e mais baratas) poderiam ter sido construídas com o mesmo grau de retorno e satisfação para os usuários. Por fim, a terceira mensagem veio nos protestos contra a PEC 37, que regulava o poder de investigação do Ministério Público.
Um filósofo antigo dizia que não sabia ser claro para estudantes que não sabiam ser atentos. Como vimos, o povo nas ruas passou uma mensagem clara, mas a maioria dos governantes claramente não souberam escutar de maneira adequada. Por isso a sombra de junho permanece viva. E não tenham dúvidas: a voz das ruas falará quantas vezes forem necessário para que a lição seja aprendida.
Mauro Silva – Presidente da Fundação Republicana Brasileira