Política é aquele tema importante, de interesse inegável, que muitos consideram maçante. E talvez o seja, quando não conseguimos enxergar sua aplicação no dia a dia. No entanto, mais que indignação por conta da situação atual e de tudo o que acontece em contrariedade aos seus princípios, a política deveria gerar em nós o desejo de compreender, de perceber, de cada vez mais estudar. E fazer crescer o súbito desejo de fugir do senso comum.
É necessário, antes de tudo, conhecer aquilo que criticamos. E quando falo em crítica, considero opiniões positivas, negativas e imparciais. Todas. Ou seja, para formar uma opinião devemos buscar informação de qualidade, debater, questionar com os amigos, familiares, vizinhos, conhecidos. Ler, comparar, considerar, ponderar. E a partir disso, entender. Parece complicado, mas não é. Precisamos apenas estar abertos, disponíveis, interessados.
Por este motivo, defendemos que política deve ser ensinada desde cedo. Nossas crianças, adolescentes e jovens precisam entender o ambiente que os cerca e quem toma as decisões importantes, que afetam diretamente suas vidas. Política e cidadania deveriam ser disciplinas específicas nas escolas desde os primeiros anos, quando a criança ainda está aprendendo a contar.
Tão importante quanto matemática, português, ciências e tantas outras disciplinas, o tema é fundamental para ser debatido em sala de aula. Se nosso objetivo ao levar nossos filhos ao colégio é contribuir para que sejam educados e conhecedores dos principais assuntos que permearão seu presente e futuro, por que excluímos a política?
De que forma utilizamos todo o conhecimento adquirido? O ideal é aplicar o aprendizado diariamente, para que não venhamos a esquecê-lo. Mas como canalizar tantas informações a respeito de tantas coisas? É semelhante àqueles temas complexos que aprendemos na escola e dificilmente utilizaremos rotineiramente na vida prática.
Por exemplo, é essencial sabermos calcular, seja para uma compra no supermercado, na padaria, um problema no trabalho, ou para controlarmos as finanças pessoais. Mas quantas vezes por ano utilizamos logaritmos e polinômios? Embora devamos aprendê-los, eles talvez fiquem adormecidos no dia a dia.
Um matemático pode contribuir com questões administrativas, econômicas e científicas para o mundo. Um biólogo pode ser excelente em causas ambientais. Um especialista em Letras pode atuar em projetos literários e educativos importantes. Cada uma das pessoas e profissionais, desde aqueles hierarquicamente considerados menores pelo sistema, até os que ascendem no topo das pirâmides sociais, podem fazer algo importante. Mas quantos são capazes de realmente mudar tudo?
Apenas por meio da educação política é possível criar cidadãos engajados e dispostos a transformar o meio em que vivem. Qualquer um, independente de idade, sexo, cor da pele, posição social e grau de instrução, pode ser um agente de mudança. É por isso que a Fundação Republicana e várias outras instituições privadas investem em cursos, palestras e debates políticos. Nosso objetivo é que todos tenham a oportunidade de estar preparados e participar das boas ações que a política, em sua real essência, pode promover. E atentos, na hora de fazer as melhores escolhas, seja em casa, na escola, na faculdade, no trabalho, com os amigos e, especialmente, nas urnas.
Mauro Silva – presidente da Fundação Republicana Brasileira