Frente Parlamentar de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico tem como coordenador o deputado republicano Sebastião Santos
A Frente Parlamentar de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo discutiu, nesta segunda-feira (10), as futuras aplicações da computação quântica na administração pública paulista. O deputado estadual Sebastião Santos (Republicanos), coordenador do grupo, destacou a importância do debate sobre inovações tecnológicas que podem transformar a vida da população. “Ouvimos muito falar sobre novas tecnologias. Esta Frente foi criada para discutir todas aquelas que podem ser implementadas para melhorar a vida humana”, afirmou. Além da computação quântica, o grupo também aborda temas como cidades inteligentes e energia sustentável.
Conforme os especialistas, o poder computacional quântico, exponencialmente maior que a computação tradicional, vai acelerar a descoberta de medicamentos e vacinas, otimizar o gerenciamento do trânsito nas cidades e rodovias e reforçar a proteção de dados sensíveis e permitir outras soluções para o cotidiano.
“Imagine se a gente pudesse aumentar a segurança alimentar, melhorando o processo de fixação de nitrogênio para criar fertilizantes à base de amônia. Para isso você precisa ser capaz de fazer modelagem molecular”, acrescentou Alexandre Pfeifer, que atua em liderança quântica na multinacional IBM. “[Ou] ajudar a enfrentar mudanças climáticas, descobrindo catalistas para aumentar a eficiência da conversão de carbono em hidrocarbonetos.”
Segurança digital
O especialista Marco Zanini, da Associação Brasileira de Software (Abes), alertou sobre os desafios da cibersegurança pós-quântica no setor público. Ele chamou a atenção para os riscos de ataques cibernéticos devido à capacidade quântica de processar cálculos complexos em tempo recorde. Para Zanini, é preciso evitar que sistemas de criptografia sejam comprometidos no futuro. “Por ser muito rápida, a computação quântica vai quebrar os sistemas de segurança de forma muito simples”, salientou.
Superintendente de Operações em Infraestrutura Tecnológica da Prodesp, Wagney de Godoy reforçou que o uso de ferramentas quânticas deva ocorrer de forma estratégica e segura, garantindo a privacidade e proteção no armazenamento de dados. A empresa estadual, que já utiliza soluções quânticas, lida com dados – alguns deles sensíveis – de milhões de paulistas presentes em documentos como carteiras de motorista e prontuários médicos.
O professor Manoel Vidal, doutor em Informática do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e Científicas (IPTC), defendeu que o debate em torno da computação quântica deve ultrapassar os muros acadêmicos e chegar ao “usuário final, aquele que precisa efetivamente do serviço público”. Vidal citou desafios atuais das cidades como congestionamento e insegurança. Esses problemas, na visão do professor, precisam ser enxergados como oportunidades para aplicar a computação quântica.
O evento da Frente Parlamentar de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico também contou com a participação dos gestores Mateus Dias Marçal (Prodam) e Humberto Pizza (da Secretaria de Inovação e Tecnologia), ambos vinculados à Prefeitura da Capital.
Texto e foto: Alesp