Planejar e organizar o trabalho para que os funcionários tenham as mesmas condições em suas casas, de forma a não comprometer os resultados
O cenário de profundas transformações mundiais em razão da pandemia de covid-19 modificou as relações de trabalho, que hoje recebem influências que vão desde as mudanças de comportamento das organizações e colaboradores, até o posicionamento dos sindicatos e amparo nas leis trabalhistas.
Estamos na era do teletrabalho – muito mais abrangente, uma vez que pode ser realizado de qualquer lugar fora da empresa, utilizando meios tecnológicos que permitam sua execução à distância, sendo o home office uma das suas modalidades.
Aqui, na Câmara, também aderimos ao home office e, mesmo na pandemia, tivemos um ano muito produtivo. Atualmente, estou como secretária Estadual do Mulheres Republicanas e o nosso trabalho tem sido realizado por meio de videoconferência para seminários, cursos, eventos e reuniões, avançando nas demandas e levando resultados muito positivos em todo o estado de São Paulo. Somente no ano de 2020 foram realizadas 25 reuniões só com o Mulheres Republicanas. Os encontros em ambiente virtual aproximaram ainda mais as candidatas às últimas eleições, elegendo 63 vereadoras, três prefeitas e quatro vice-prefeitas em São Paulo. Esse é o resultado de um trabalho duro para promover a inclusão das mulheres nas esferas políticas. As reuniões virtuais possibilitaram também mais motivação e sugestões para a elaboração de novos projetos.
Nesta situação, é planejar e organizar o trabalho para que os funcionários tenham as mesmas condições de infraestrutura em suas casas, de forma a não comprometer os resultados planejados das operações. Ao funcionário, cabe ter disciplina e autogerenciamento para cumprir suas obrigações perante à organização.
Com a alteração das condições de trabalho, fica alterado também um dos principais aspectos, a “jornada de trabalho”, que não é mais medida nem controlada por hora, mas sim por entrega realizada. Outra implicação é o pagamento de horas extras, pois sem um controle formal das horas extraordinárias, a remuneração pode ficar comprometida. Pela lei, é necessário que haja um controle entre as partes.
Há quem prefere trabalhar presencialmente, pois costuma considerar pontos positivos, como maior proximidade e interação com os colegas de trabalho, mais agilidade na resolução de problemas, horários bem definidos para início e término da jornada, além de almoço, consciência de estar em um local específico para trabalhar. Muitos profissionais e empresas alegam que em casa, tem aumento nos custos com energia e água, nem sempre há um ambiente adequado para se trabalhar e as atividades podem ser interrompidas por instabilidades na internet.
No entanto, as pessoas que preferem trabalhar em home office apontam vantagens, como o tempo que não é mais gasto com deslocamento, o fato de não ter de enfrentar trânsito ou problemas com transporte público, melhora na qualidade de vida (embora não aconteça sempre assim para mulheres com filhos, que já relatam estresse e cansaço), diminuição de uso de assistência médica em consequência da melhora da qualidade de vida, como mais horas de sono, maior facilidade para adequar a agenda pessoal com a agenda profissional, ter mais tempo disponível para se dedicar a cursos e treinamentos, flexibilidade nos horários e a sensação de maior conforto. Para as empresas, a diminuição nos gastos com aluguel, transporte e alimentação.
Mesmo antes da pandemia, de acordo com as estatísticas home office, o modelo de trabalho já tinha uma presença considerável no Brasil: em 2018, um levantamento realizado pelo IBGE mostrou que 3,8 milhões de brasileiros trabalhavam de maneira remota.
Com vantagens ou não, o home office parece estar num processo que veio para ficar. Várias empresas já estão determinando cerca de 30% de seus cargos para que os ocupantes trabalhem na forma de home office uma ou duas vezes por semana. Estão, aos poucos, aculturando seus colaboradores a essa nova modalidade de trabalho.
Com o desenvolvimento tecnológico da comunicação, num futuro muito próximo não fará mais sentido, para muitos profissionais, ir até a empresa para trabalhar. Como republicana, apoio a tecnologia e suas inúmeras possibilidades e, acredito que a utilização do home office já é resultado da globalização em tempos de pandemia.
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos SP e secretária estadual do Movimento Mulheres Republicanas