A busca por participação política representativa ganhou força com a conquista feminina pelo direito de votar. Fazendo um breve apanhado histórico, essa realidade tem marco em 1932, quando o voto feminino foi conquistado no Brasil, logo depois do Equador e do Chile, na América Latina.
Embora tenha representado significativa vitória para nós, o voto feminino foi autorizado de maneira facultativa somente às mulheres viúvas e solteiras com renda própria, alfabetizadas e maiores de 21 anos, e às casadas mediante autorização do marido.
Em 1946, na instauração da democracia, com a nova Constituição promulgada, o novo Código Eleitoral foi aprovado, incluindo a ampliação do direito de votar a todas as mulheres alfabetizadas no país. Contudo, de forma universal, votar só foi possível a todas as mulheres e homens, incluindo-se aí os analfabetos, com a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988.
Ir às urnas nas eleições escolher seus representantes e se candidatar a cargos eletivos significa uma grande conquista na caminhada da mulher pela participação política.
Eunice Michiles – a primeira mulher a chegar ao Senado, em 1979 – enfrentou muita resistência para aprovar projetos de lei para garantir direitos às mulheres. Da mesma forma, a primeira brasileira a ser deputada federal, Carlota Pereira de Queirós que participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935 e deixou um grande legado e referência para todas nós. Mulheres que lutaram até o fim para garantir o nosso espaço político.
Mas ainda temos bastante a percorrer. Entre todos os parlamentos do mundo, aponta a publicação do Senado, em 180 países, o Brasil ainda aparece no 156º lugar em termos de representação feminina. De fato, o país, de maioria feminina em termos populacionais e eleitorais, tem apenas 15% de participação política das mulheres na Câmara dos Deputados e 14,8% no Senado Federal. A média mundial é de 24%. Para efeito de cenário, das 27 unidades da Federação, 14 não têm representação política feminina no Poder Legislativo federal. Cerca de 1.200 Câmaras de Vereadores não têm vereadoras.
Contudo, mesmo com baixa representatividade, em todo o mundo reconhecemos nomes que se destacam em lideranças femininas. Inclusive, especialistas que estudam as melhores práticas de gestão estão provando que comandar um país ou uma empresa na base da imposição da visão de uma única pessoa não gera os melhores resultados. Entende-se que cada vez mais, os bons líderes devem ter características que são mais comumente associadas às mulheres, como a empatia e o cuidado.
E é esse fortalecimento entre as mulheres a principal forma de se chegar a uma política de qualidade e que engloba todos da sociedade. Atualmente, na Câmara dos Deputados, a participação das mulheres cresceu: passou de 55 deputadas desde a última legislatura para 77. Além disso, é a primeira vez que uma deputada ocupa o cargo de 1ª secretária da Mesa Diretora.
Colocar as mulheres participando na tomada de decisões constitui não só uma exigência básica da democracia, mas é uma condição necessária para que os interesses das mulheres sejam levados em conta na elaboração das políticas públicas. Desejo sucesso à todas as Republicanas que estarão à frente desse grande desafio nas eleições de 2020!
*Maria Rosas é deputada federal pelo Republicanos São Paulo e secretária estadual do Mulheres Republicanas SP