Brasília (DF) – Dono de um carisma sem igual, o cantor sertanejo e agora deputado federal Sérgio Reis, de 74 anos, conversou com a Agência PRB Nacional e falou sobre seu ingresso na política, suas expectativas como parlamentar, suas bandeiras de atuação, em especial, para atender demandas relacionadas à saúde e aos aposentados. O republicano candidatou-se pela primeira vez ao cargo de deputado federal, nas eleições de outubro de 2014, pelo PRB e conquistou o apoio de mais de 45 mil eleitores paulistas.
No Congresso Nacional, por onde passa, Sérgio Reis é elogiado pelos demais parlamentares, tanto pela importância que tem para a música brasileira quanto pela atuação ativa nesses primeiros meses de mandato. Reis é membro nas Comissões de Cultura; Seguridade Social; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.
Como temas de atuação, o republicano escolheu defender projetos que norteiam a área de cultura, saúde e tem uma preocupação enorme em fazer projetos para melhorar a vida dos aposentados.
ENTREVISTA
Agência PRB – Quando surgiu o interesse pela política?
Sérgio Reis – Eu fiz um balanço da minha vida e cheguei a conclusão certa de que durante todos esses mais de 50 anos de carreira, eu só recebi carinho do povo. Tudo que tenho e que sou, eu recebi do povo. As pessoas fizeram vários sacrifícios por mim, assistiram show embaixo de lama, vinham da roça, gente que não tinha dinheiro sequer para comprar o ingresso e dava um jeito só para prestigiar e me conhecer. Então, cheguei ao entendimento que estava na hora de dedicar quatro anos da minha vida para esse povo, então estamos aqui hoje. Tenho quatro anos pela frente para criar muitas coisas boas em prol do Brasil. Duvido que aqui, tenha alguém que conheça o Brasil como eu, não tem mesmo. O único lugar que eu não conheço no Brasil é Fernando de Noronha, mas vou lá no final deste ano.
Agência PRB – Existe alguma comparação entre esse início de mandato e o começo da sua carreira musical? Pode fazer um paralelo entre esses dois momentos?
Sérgio Reis – O início de uma carreira de cantor, de artista, é muito difícil. Você precisa trabalhar muito, estudar e correr atrás para ver o sonho realizado. Além disso, tem aquelas pessoas que estão sempre prontas em ajudar. E aqui, é a mesma coisa, estou ganhando um conhecimento incrível porque eu acompanho todos as discussões no plenário e nas comissões, as revindicações, principalmente na Comissão de Cultura. Isso é muito gratificante. Hoje mesmo pela manhã (a entrevista aconteceu no dia 15 de abril), eu participei de uma reunião sobre o problema das drogas, onde debatemos projetos para ajudar as famílias que sofrem com filhos nessa situação.
Dentro da minha experiência, das coisas que tenho, eu auxilio, ajudo e vou recolhendo todas essas informações com muita atenção. Eu tenho ainda quatro anos para aprender. Foi assim comigo a vida inteira, por isso que eu estou aqui e agora fui convidado para uma subcomissão que vai tratar sobre recursos para a área de Cultura. Eles têm muito respeito por mim, primeiro porque eu sou um senhor de idade e você também me respeite tá bom? (risos). E também tem a minha fama e o meu caráter que somam muito.
Eles sabem quem sou eu, nunca estive envolvido em escândalo, nunca teve nada com o meu nome. Eu só trabalho para ajudar as pessoas, já fiz muita coisa, graças à Deus. Sempre peço a Ele muita força para continuar ajudando aqueles que estão precisando de mim.
Agência PRB – O senhor construiu uma carreira de sucesso na música. O que é possível fazer aqui na Câmara para ajudar os artistas brasileiros? Existe algum projeto que o senhor está trabalhando agora?
Sérgio Reis – Sim, muitos. Eu não paro de pensar em contribuir com os colegas de profissão. Em São Paulo, por exemplo, não temos a Casa do Artista. Agora, vou destinar parte de minhas emendas e ajudar a construir esse local de tranquilidade para os velhos amigos artistas de São Paulo. Já tenho, inclusive, amigos sertanejos da antiga que estão morando lá precariamente, porque não tem onde ficar.
No Rio de Janeiro, temos a Casa do Artista que é coordenada pelo ator Stepan Nercessian. E em São Paulo, a atriz Maria José, que foi a mãe do menino da porteira no meu filme, conseguiu um terreno e começou a construir perto de onde eu moro, em Mairiporã. Eu quero destinar recursos para a conclusão dessa obra. Essa semana eu vou visitá-la, para ver como é que está e tomar conhecimento mais aprofundado deste projeto. Quero ver como está o acabamento, para dar conforto aos artistas. Sabemos que a saúde no Brasil é triste, bem como a situação dos aposentados que ganham mal e carecem da falta de recursos até para a compra de remédios. Precisamos ajudar e fazer projetos que tragam mais dignidade de vida ao povo brasileiro. Temos que fazer alguma coisa, não é possível ficar assim. É dentro desse propósito que eu estou aqui hoje.
Agência PRB – Falando de partido, como o PRB está lhe ajudando nesse início de mandato?
Sérgio Reis – O meu partido, o PRB, vem me ajudando muito, principalmente o nosso líder de bancada, Celso Russomanno. Eu busco seguir as orientações dele sempre, até mesmo porque sou um leigo na matéria. Sei o que eu vim fazer mas tenho que aprender como as coisas funcionam primeiro e, por isso, voto sempre com a orientação do meu líder. Quando ele vota “Não”, eu confirmo lá embaixo. Tem votação que o partido libera a bancada, mas mesmo assim sempre busco orientação. Eu cheguei aqui assinando várias criações de CPI e depois eu percebi que não era bem o que eu pensava. Agora se o meu líder assina, pode trazer que eu coloco meu nome também. Isso foi uma instrução do Celso Russomanno, muito boa por sinal. O bom é que agora estou livre de ficar assinando esses papéis o dia inteiro nos corredores (risos).
Agência PRB – Temos percebido que o senhor está sempre disposto ao trabalho na Câmara e participa ativamente das comissões que faz parte. De onde vem essa disposição toda?
Sérgio Reis – Primeiro o que eu tenho é saúde, graças a Deus. Eu não vim para Brasília para brincar. Se é para ficar com preguiça eu fico em casa e durmo. Até minha esposa Ângela me falou assim: “Meu bem, estou sentido que você está gostando de ser deputado”. E eu respondi: estou sim, gostando muito de ter a oportunidade de ajudar o povo do nosso país! E se eu pegar outro mandato, eu venho morar em Brasília. Eu quero trabalhar direitinho aqui, fazer um baita de um mandato. Eu não estou almejando fazer mais nada na minha vida a não ser continuar fazendo alguns shows. Vai chegar a hora que não vou mais ter garganta para cantar, mas para falar eu tenho, certo?(risos).
Eu estou gostando e achando interessante o trabalho de deputado. É como eu lhe falei, estou adquirindo cultura aqui. Tudo que vem eu leio para ver como funciona essa Casa. As discussões são muito violentas. Às vezes, eu estou lá no plenário e um deputado está falando e aí vem o outro e interrompe. Fala dez de uma vez! Eu acho isso um despropósito. Cada um teria de ter a sua hora de falar e assim, não atrapalhar ninguém. Eu acho que deveria ter até uma mesa com dez botões lá, um para cada microfone, e o presidente, o nosso Eduardo Cunha, libera só o canal número um. Os outros que falarem vão falar sozinhos e ninguém vai ouvir. Isso para agente ouvir tudo com atenção. Mas vira uma bagunça rapaz. Mas é a discussão do plenário. Entram os interesses políticos do partido, que já é natural, e da política. Se não bater boca, não vai. Ficar frouxou também não é bom. Eu não tinha ideia que o debate seria assim tão forte assim.
Agência PRB – De fato, os deputados de primeiro mandato quando chegam à Câmara se assuntam com essas discussões acaloradas. Mas, aos poucos, passam a entender como é o processo da Casa e encontram o caminho para aprovar os projetos. Com o senhor ocorre a mesma coisa?
Sérgio Reis – Claro, é isso mesmo! Eu estou junto com meu partido (PRB) que tem bons projetos. Eu faço parte de três comissões, uma como titular e em duas como suplente. Hoje mesmo tivemos aqui uma discussão sobre o crack e também sobre o sofrimento da família. Eu fiz questão de falar de um problema sério nesse país. Dos 2,5 milhões de caminhoneiros, 13% usam drogas para enfrentar as longas jornadas de trabalho. São mais de 300 mil caminhoneiros que usam drogas todo dia. Isso é um perigo para a sociedade brasileira. Esse é um assunto que vamos ter que discutir com o governo e buscar uma solução. Temos que dar um jeito. Isso é mais sério que o menino que roubou o relógio de casa para vender e comprar maconha! Imagine 300 mil caminhoneiros andando nessa situação todos os dias? Esses dados são da Confederação Nacional de Transporte. Eu faço parte da CNT há muitos anos com o senador Clésio Andrade. Fui eu quem inaugurou todos os Postos de Atendimento nas Estradas e os Centros de Treinamento para o Caminhoneiro. Minha vida está ligada com os caminhoneiros. Eu tenho um programa há 23 anos com a Petrobras, o Siga Bem Caminhoneiro. Sabe esse o Disque 100, para denunciar exploração sexual infantil? Começou comigo há 20 anos. Por isso, eu me preocupo com essa questão das drogas, e estou atuando aqui para tentar mudar essa realidade.
Agência PRB – O tema da saúde tem sido uma das suas principais frentes de atuação. O senhor é um dos fundadores do Hospital do Câncer de Barretos, conta para gente essa história.
Sérgio Reis – Olha eu já fiz muitos shows para arrecadar recursos para as santas casas, que estão falidas e quebradas. Ajudo demais as Apaes. Não tem problema nenhum, pediu eu vou e faço o show para comprar algum equipamento que as crianças estão precisando. Então apareceu esse projeto do Hospital Câncer de Barretos, que foi iniciado pelo Dr. Paulo Prata e a Dra. Isila Prata. Dois médicos, marido e esposa, fazendeiros, gente muito bem de vida. A família já era dona de um hospital na cidade, o São Judas Tadeu, mas o sonho era fazer alguma coisa para os pobres na área de câncer. E o Hospital é hoje uma realidade, é uma medicina que nunca se viu em lugar nenhum do mundo. Lá é amor puro. Começou comigo, primeiro Chitão e Xororó, o segundo foi eu que fiz o pavilhão do laboratório. E de lá, começamos a chamar os artistas para ajudar a ampliar o hospital. Leandro e Leonardo, Gian e Giovanni, Zezé e Luciano, Xuxa e Gugu todos têm um pavilhão construído lá. Eu chamei todo mundo e, hoje, o Hospital é uma referência no tratamento de câncer no Brasil e, também, no mundo. São 4 mil pacientes por dia, 150 ônibus, 400 ambulâncias, 20 estados que a gente atende. Para se ter uma ideia, são 8 mil refeições que servimos por dia, porque tem os acompanhantes também. O Hospital do Câncer de Barretos é exemplo em atendimento, tudo lá é feito com muito respeito e amor, além de ser referência na parte técnica também, coisa de primeiro mundo mesmo. Semana passada, o Enrico Prata, que é o administrador, chamou 20 artistas para gravar um DVD. Eu fui para São Paulo na terça à noite gravei e voltei na quarta-feira para cumprir minha obrigação aqui em Brasília.
Agência PRB – O senhor já se acostumou com a rotina de viagens de São Paulo para Brasília e vice-versa?
Sérgio Reis – Eu não me canso. Andamos muito,uma vez que artista não tem muito tempo para descansar. Sábado realizei um show em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Eu peguei um avião no sábado e fiz o show e quando terminou, pegamos um ônibus de madrugada e cheguei sete horas da manhã em Campo Grande. Peguei o avião de volta, cheguei dez horas em São Paulo e meio dia eu já estava em casa almoçando com minha família. Isso é rotina, Se você me perguntar se cansa? Não cansa nada, eu já estou acostumado. Eu adoro andar de ônibus, pois dá para se deitar, fazer lanche no caminho e, ainda, tem comida boa nos restaurantes das estradas. Na verdade é um turismo. Quando chegamos aos shows, todos nos recebem com muito carinho. Deus me deu esse dom de cantar para alegrar o povo e eu estou seguindo esse caminho há mais de 50 anos. Agora, eu quero alegrar o povo aqui em Brasília, com o meu trabalho. É tudo o que mais desejo agora.
Agência PRB – Deputado, só podemos agradecer pela atenção e lhe desejar muito sucesso nessa nova missão na Câmara.
Sérgio Reis – Rezem por mim e vamos tocando em frente.
Texto e foto: Agência PRB Nacional de Notícias