Um dos temas que será debatido na proposta de reforma política diz respeito ao financiamento público de campanha e proibição de doações de empresas a candidatos e partidos. O assunto é polêmico.
Há entusiastas nas duas frentes da discussão. Quero me deter em um exemplo concreto para que vocês entendam uma dessas frentes. Vejamos o caso governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), reeleito no Rio de Janeiro.
Pezão arrecadou, segundo sua prestação de contas, R$ 45,2 milhões, mais que o dobro da soma dos seus adversários no primeiro turno e seis vezes mais que o informado por Marcelo Crivella (PRB), com R$ 6,7 milhões.
Reportagem da Folha de São Paulo de terça-feira (25) mostrou que 69% dos recursos usados pelo então candidato do PMDB tiveram origem oculta. As empresas depositam os valores na conta do partido.
Ocorre que a maior parte das doações vem de empreiteiras que têm ou querem ter contratos com o governo. O que estamos assistindo com a Petrobras é o clássico exemplo dessa mistura explosiva.
Com campanhas cada vez mais caras, candidatos e partidos se veem obrigados a aceitar essas doações. Como ninguém sai por aí distribuindo dinheiro sem querer algo em troca, o candidato, se eleito, se vê na obrigação de “retribuir”.
É por tudo isso e mais um pouco que contratos são superfaturados. Como se não bastasse, políticos mal intencionados ainda querem encher o bolso com o dinheiro público, algo inaceitável e totalmente repudiado.
Com o financiamento público de campanha, em tese essa relação promíscua entre governo e empresas teria fim. Eu disse “em tese”. No entanto, conhecendo o “jeitinho brasileiro” como conhecemos, até isso eu duvido.
Marcos Pereira
Presidente Nacional do PRB
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